O encanto pela feitura manual com papel e tecido vem das horas de meninice, entre trapos e gatos e tantos bichos. Mas só com o corpo adiantado, no ano 2010, é que se levantou a ousadia de começar uma oficina com linhas e agulhas, botões e tesouras, moldes e afeição. O primeiro terá sido um senhor gato feito com parte dum lençol de linho furado pela traça e manchado, depois, em chá de ervas. Oh, a magia da invenção. Vieram, depois, mais pormenores: as botas com atacadores de fio norte, as gravatas com um nó preciso, os vestidos com botões antigos. E vieram mais bichos, também: a menina raposa, o rapaz coelho, o senhor macaco. Gosto particularmente de costurar pela manhã, com a luz natural e o pio dos pássaros, e de (quase) acreditar que a bicharada de pano se aviva com um sopro de verdade. Sempre que um se completa, poderia adivinhar o temperamento e a biografia – é um ofício de maior emotividade. E assim estamos, entre criaturas e vapores de imaginação, por terras muito a norte (Viana do Castelo).
Bem-vindos ao mundo imaginoso da doutrolugar,
Marlene